terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Minha Grande Ternura


de Manoel Bandeira


Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Minha grande ternura

Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.

Minha grande ternura

Pelos poemas que
Não consegui realizar.

Minha grande ternura

Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.

Minha grande ternura

Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite de um túmulo. 

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