quinta-feira, 23 de junho de 2011

Altar Particular

de Maria Gadú



Meu bem
que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular


Sei lá,
a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal







E então,
tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós


Depois,
que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós


Se enfim,
você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser


Ou então,
dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer




Teu cais
deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor





Sem mais,
a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio
esperando a resposta ao que chamo de amor.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Medo de Amar

Adriana Calcanhoto

Você diz que eu te assusto
 Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio
Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal

Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer?

Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que simplesmente
Sou carente de razão
Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel

Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer
Me amar.